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Esta é a grande questão da maioria dos caravanistas que param para refletir sobre o assunto. Dentro os equipamentos que compõem um veículo de recreação, a geladeira é sem dúvida o que mais consome energia elétrica. É claro que existem outros equipamentos mais fortes, mas eles não são imprescindíveis ou necessários a todo momento como é o caso de aquecedores, condicionadores de ar ou equipamentos de resistência pura. Já o refrigerador não é somente um equipamento necessário, mas também precisa estar ligado em tempo integral, tanto no acampamento (que pode contar ou não com energia externa) como também durante o deslocamento e paradas estratégicas. Neste momento, qual a melhor solução? Geladeira de compressor 12V ou convencional com o uso de inversor? [Este artigo foi publicado a primeira vez aqui em 25 de janeiro de 2017 – COM ATUALIZAÇÕES]

Antigamente a grande maioria das geladeiras e refrigeradores de trailers, motor homes e campers eram a gás. A saudosa “geladeira de amônia” ou “de absorção” funcionavam em três modos de energia. Além de possuir as duas opções 12V e 110V inclusas, ainda contavam com a opção no gás de cozinha, cujo botijão de 13kg garantia quase um mês de independência. Esta geladeira além de não ser mais comercializada no Brasil, ainda caiu no desgosto de muitos por seu uma geladeira de refrigeração mais lenta, de exigir cuidados na instalação, ter um rendimento menor do que as convencionais e principalmente exigirem um maior consumo de energia elétrica. Aqui no MaCamp possuímos um artigo especial sobre geladeiras a gás. O caminho alternativo foi inicialmente o uso de refrigeradores comuns com o auxílio de um inversor (aparelho que converte Energia de corrente contínua 12V em corrente alternada de 220V ou 110V) e posteriormente lançados os compressores que trabalham diretamente em 12V.

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Indubitavelmente as geladeiras que utilizam compressor elétrico para fazer circular o gás refrigerante no sistema são a solução mais acertada para obter um bom rendimento. Mas no uso de veículos de recreação, nem sempre temos 110V ou 220V a disposição, levando à necessidade do uso de inversores. O grande problema é que apesar de possuírem um ótimo rendimento, o sistema de compressor elétrico exige um pico de energia muito alto no momento da partida do motor. Para que se movimente do zero (estado parado) até atingir a velocidade normal, o motor consome uma quantidade muito grande de corrente (medida em amperes) e isto faz com que o inversor a ser utilizado precise ter uma potência muito maior do que a potência média que a geladeira consome. O problema de tudo isto é que o inversor é um aparelho que também consome energia para “executar o serviço de conversão” e ainda é um aparelho que apresenta altos índices de perda de energia através da dissipação em forma de calor. Então para alimentar uma geladeira que consome em média de 60W a 90W necessita-se de inversores de 500W a 1000W de potência.

Lá pelo final da década de 1990 chegou ao Brasil a tecnologia de fabricação de geladeiras 12V. Elas nada mais são eletrodomésticos comuns que possuem o motor diferente – o compressor que funciona em 12Volts dc (Corrente contínua – a mesma dos carros). Com este tipo de compressor, não há mais a perda de energia da transformação (inversão) e dissipação de calor do inversor e ainda conta com a capacidade da bateria (estacionária ou veicular) para os picos necessários das partidas de motor. Para melhorar ainda mais esta opção, logo foram lançados os compressores “quadrivolt”, onde poderia-se ligar a geladeira em 12Vdc, 24Vdc, 110Vac e/ou 220Vac. Sem qualquer chave seletora, o equipamento se adequa sozinho a voltagem que estiver disponível. Seria o fim da questão sobre “a melhor alternativa para gelareiras de RV`s” se não fosse um único “porém”: O PREÇO!

 

Em valores levantados na data deste artigo, um refrigerador 12V pode sair de R$ R$ 1.650,00 para um pequeno frigobar de 50L, ando por R$ 3.890,00 de 120L e chegando aos R$ 4.300,00 em uma geladeira Duplex de 330L. Tudo isto contra os preços das geladeiras convencionais que valem respectivamente R$ 530,00 / R$ 780,00 / R$ 990,00. Um refrigerador sem freezer de 240L pode ser encontrado por R$ 850,00, metade do preço de um frigobar de 50L 12V.  [Este artigo foi publicado a primeira vez aqui em 25 de janeiro de 2017]

Diante desta desvantagem do preço sobre o refrigerador convencional, veio também o argumento de muitos caravanistas de que o aparelho poderia ser um problema grande em caso de quebra durante as viagens, onde a mão de obra não só seria mais cara, como também escassa. Também por se tratar de uma imensa minoria diante dos convencionais, alegam alguns campistas que os compressores 12V podem apresentar defeitos em maior frequência. Já os defensores destes, alegam que o funcionamento é igual tanto quanto os problemas de percurso, mas que em caso de necessidade de troca na estrada, poder-se-ia até mesmo instalar um compressor convencional no lugar do 12V pifado. É fato que nos últimos anos e mesmo cada vez mais no futuro, a popularização dos compressores 12V aumentou e aumentará exponencialmente por conta do mercado de energia solar.

Quando falamos de economia de energia e de sistema de captação e geração de eletricidade a bordo através de placas solares, sem dúvida as geladeiras 12V são a opção mais inteligente, embora seja a mais cara igualmente às placas solares e controladores de carga. Porém ao se utilizar um sistema solar com um refrigerador convencional + inversor, estaríamos diante de um festival de “transformações” energéticas: As células fotovoltaicas transformam luz solar em eletricidade entre 1V e 30V dc (corrente contínua). O controlador de carga transforma a voltagem (diferença de potencial) para que despeje apenas os 12V (13,8Vdc) para o sistema e carga de bateria para daí então um inversor transformar aqueles 12Vdc em 110V ou 220Vac (corrente alternada) para alimentar a geladeira. É preciso entender que todos os “nós” de transformação apresentam perdas importantes que representam o essencial de um sistema solar “energia elétrica”.

Já o uso de inversor, não só existe a possibilidade de compra, como troca (renovação)  da geladeira por um preço bem mais ível, além da imensa gama de opções do mercado, como também aproveita-se um equipamento (o inversor)  que poderá ser útil para outros equipamentos embarcados. Apesar de, igualmente à geladeira, ser aconselhável o uso de outros aparelhos também em 12V (TV`s, lâmpadas e etc) eles também podem apresentar custos mais elevados fazendo com que o campista acabe optando pelo uso de um inversor de grande potência para dar conta de tudo isso.

 

Ainda como outra alternativa, já existe a opção da troca do compressor convencional das geladeiras residenciais por um compressor 12V. Há marcas diferentes e preços diferentes e muita gente já fazendo isto. A troca a princípio é simples sem maiores adaptações, sendo é claro, necessária nova carga de gás refrigerante.

CONSUMO E ECONOMIA: Os compressores 12V chegam a ser de 40% a 80% mais econômicos do que a relação inversor+geladeira 220V. Para quem busca autonomia, isto pode ser muito mais vantajoso justificando o valor mais alto a ser investido.

CONCLUSÃO: Existem duas opções (três para quem considera o sistema de absorção de amônia) de geladeiras a serem instaladas em um trailer, motor home ou qualquer outro RV, cada uma com vantagens e desvantagens de diferentes importâncias para cada usuário. Além dessas, pode-se optar pelas conversões. Portanto, este artigo não vem responder a questão proposta, pois qualquer argumento seria facilmente refutável diante de diferentes perfis de caravanistas. Mas diante da exposição dos prós e contras acima, você poderá certamente chegar à sua melhor conclusão. É possível que com a chegada das geladeiras “inverter” que diminuem aquele “pico de partida” esta discussão se torne ainda mais extensa e as opções melhorem ainda mais.

 

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."